O Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC) de Belo Horizonte é uma instalação de remanufatura de eletrônicos estabelecida pelo governo que ajuda a reduzir os resíduos eletrônicos e o desemprego entre a população jovem.
Por que esse é um exemplo de economia circular
Como outros programas de remanufatura, o de Belo Horizonte reaproveita equipamentos descartados. O diferencial é a abordagem multifacetada que beneficia o meio ambiente e melhora as perspectivas de emprego para a população local.
Como parte da iniciativa de inclusão digital da cidade, o programa oferece acesso a produtos digitais para as comunidades desfavorecidas da cidade – é um grande exemplo de uma economia circular de baixo carbono em ação.
O programa promove a inclusão digital nas comunidades de baixa renda e, com isso:
melhora o conhecimento digital da população jovem
aumenta as oportunidades de emprego locais
amplia o escopo de atividades que mantêm produtos eletrônicos circulando na economia, em usos de alto valor e fora dos aterros sanitários
A iniciativa tem sido replicada em centros similares em todo o Brasil a partir de parcerias locais.
Como funciona
Cidadãos de comunidades de baixa renda são treinados para restaurar os equipamentos de TI doados após o uso. Os equipamentos reformados são distribuídos entre mais de 300 pontos de inclusão digital espalhados pela cidade. Administrados pela prefeitura, esses pontos oferecem acesso gratuito a computadores e Internet, bem como diversas oportunidades de treinamento e alfabetização digital básica.
O CRC é operado pela Prodabel, empresa municipal de informação e tecnologia de Belo Horizonte, como parte da iniciativa “Computadores para Inclusão”, do Governo Federal.
Resultados até agora
Desde o lançamento do CRC de Belo Horizonte, em 2008:
Sete mil produtos de TI pós-uso (CPUs, monitores, impressoras) foram restaurados nos primeiros nove anos da iniciativa e enviados a pontos de inclusão digital e iniciativas similares.
Em média 15 toneladas de eletrônicos pós-uso foram desviados dos aterros a cada ano desde 2008.
Mais de 10 mil pessoas foram treinadas em competências tecnológicas básicas, educação ambiental e remanufatura de computadores.
Belo Horizonte foi reconhecida como a cidade brasileira mais avançada digitalmente em 2011.
A iniciativa tornou-se uma prioridade municipal, com metas anuais para 2018-2021 em remanufatura, treinamentos e inclusão digital.
A equipe que combate a pobreza digital
Uma equipe de oito pessoas do departamento de Inclusão Digital da prefeitura é responsável pela supervisão do programa. O grupo inclui quatro profissionais da Prodabel e outras quatro pessoas responsáveis pela diretoria, pela superintendência, pela gerência de aprendizagem e pela supervisão das atividades de remanufatura e dos pontos de inclusão digital.
A equipe conta com o auxílio de órgãos públicos, ONGs, monitores do CRC e outros colaboradores que doam espaços físicos e recursos para ampliar o alcance do programa, montar e operar os pontos de inclusão digital.
Aberto a todos
O programa de treinamento de remanufatura de computadores é focado principalmente na população jovem (16-24 anos) das comunidades de baixa renda de Belo Horizonte que deseja adquirir novas habilidades.
Os pontos de inclusão digital, no entanto, muitas vezes instalados em áreas menos favorecidas, também estão abertos a pessoas de todas as idades em busca de alfabetização digital. O programa tem como objetivo democratizar o acesso à informação e ajudar as pessoas em atividades cotidianas, como se candidatar a empregos online e pagar contas.
Como começou
Em resposta à demanda dos cidadãos por maior inclusão digital, particularmente nas comunidades de baixa renda, a prefeitura de Belo Horizonte lançou, em 2005, o programa BH Digital. O objetivo era expandir a infraestrutura digital em áreas mal atendidas da cidade e fornecer alfabetização digital a todos.
Considerando a situação da cidade em relação aos resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (EEE) e a crescente demanda por soluções de tratamento de eletrônicos pós-uso, foi determinado que esses locais deveriam ser equipados exclusivamente com computadores recondicionados.
Uma vez confirmada a necessidade de uma instalação de remanufatura de computadores, a equipe de projeto solicitou financiamento do programa Computadores para Inclusão, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A equipe de Inclusão Digital da Prodabel apresentou a proposta do CRC de Belo Horizonte, e o projeto foi aprovado pelo MCTIC. A instalação foi criada em um espaço fornecido pela Secretaria Municipal de Educação, e as operações começaram em abril de 2008.