Para acelerar a transição para uma economia circular, é vital que falemos a mesma língua, usando uma linguagem comum e definições compartilhadas.
Este glossário foi desenvolvido para facilitar a compreensão da economia circular. Inclui definições para termos usados com frequência, como reciclagem, logística reversa e recursos finitos. Também explica a diferença entre materiais virgens, não virgens e renováveis, ciclos biológicos e técnicos, e reúso, restauração e remanufatura.
Os termos do glossário podem ser aplicados a qualquer setor da economia.
Ao estabelecer uma linguagem comum e definir termos que muitas vezes são mal compreendidos, o glossário facilita o alinhamento entre empresas, formuladores de políticas e cidades sobre o que é a economia circular e como podem adotar modelos verdadeiramente circulares.
Também pode ser usado para auxiliar a compreensão dentro das organizações, facilitar a colaboração e as conversas com outras pessoas e em relatórios, estratégias e materiais de comunicação.
O glossário de economia circular foi criado em colaboração com a IKEA, um dos nossos Parceiros Estratégicos, e endossado pelos também parceiros DS Smith, H&M, Intesa Sanpaolo, Philips, ReLondon e Solvay.
Envolver-se com tópicos complexos como a economia circular pode se tornar mais fácil e acessível mediante uma linguagem compartilhada que forneça um ponto de partida comum para discussão, aprendizado e colaboração. Nossa ambição com a Fundação é nivelar as condições para as conversas e empreendimentos que todos estamos realizando para fazer a transição para uma mentalidade de economia circular. Esperamos que esse material seja uma referência sólida para qualquer um fazendo a transição para a circularidade.
Dominique Fularski, Diretora de Comunicação, Desenvolvimento de Negócios Circulares, Inter IKEA Group
Definições
Digestão anaeróbia
Decomposição microbiana da matéria orgânica na ausência de oxigênio.
Em uma economia circular, a digestão anaeróbia pode ser usada para converter coprodutos alimentares, lodo de esgoto e outros materiais biodegradáveis em digestatos (ou “biossólidos”) que podem ser usados como agentes de melhoria do solo e biogás.
Ciclo biológico
Processos – como compostagem e digestão anaeróbia – que juntos ajudam a regenerar o capital natural. Os únicos materiais adequados para esses processos são aqueles que podem ser devolvidos com segurança à biosfera.
Economia circular
Estrutura de soluções sistêmicas que enfrenta desafios globais, como mudanças climáticas, perda de biodiversidade, resíduos e poluição. É baseada em três princípios, orientados pelo design: eliminar resíduos e poluição, circular produtos e materiais (em seu maior valor) e regenerar a natureza.
A transição para a economia circular é sustentada pela transição para energias e materiais renováveis e dissocia a atividade econômica do consumo de recursos finitos. Isso representa uma mudança sistêmica que cria resiliência de longo prazo, gera oportunidades comerciais e econômicas e fornece benefícios ambientais e sociais.
Compostagem
Decomposição microbiana da matéria orgânica na presença de oxigênio.
Em uma economia circular, a compostagem pode ser usada para converter coprodutos de alimentos e outros materiais biodegradáveis em adubo composto, que pode ser usado como agente de melhoria do solo.
Durabilidade
Capacidade de um produto, componente ou material permanecer funcional e relevante quando usado como pretendido.
A durabilidade geralmente diz respeito aos atributos físicos de um produto (capacidade de resistir a danos e desgaste), embora em alguns casos seja tecnológica (por exemplo, a capacidade de um software ser atualizado muitas vezes) e emocional (por exemplo, a capacidade de certas roupas de permanecerem desejáveis ao longo do tempo).
Materiais finitos
Materiais que não são renováveis nas escalas de tempo relevantes para a economia, ou seja, não em escalas de tempo geológicas.
Alguns exemplos incluem: metais e minerais; formas fósseis de carbono, como petróleo, carvão e gás natural; e areia, rochas e pedras.
Vida útil
Período de tempo desde o momento em que um produto é liberado para uso após a fabricação até o momento em que se torna obsoleto e sem possibilidade de recuperação enquanto produto.
Economia linear
Economia em que recursos finitos são extraídos para fazer produtos que são usados – geralmente não em todo o seu potencial – e descartados (“extrair-produzir-desperdiçar”).
É um sistema esbanjador e poluente que degrada os sistemas naturais.
Manter (em uso)
Manter um produto em seu estado atual de qualidade, funcionalmente e/ou cosmético para se proteger contra falhas ou deterioração. É uma prática que retém o valor mais alto de um produto ao prolongar seu período de uso.
Materiais não virgens
Materiais usados anteriormente.
Isso inclui: materiais em produtos que foram reusados, recondicionados ou reparados; componentes refabricados; e materiais reciclados. São também chamados de materiais secundários.
Reciclabilidade
A facilidade com que um material pode ser reciclado na prática e em escala.
Reciclar
Transformar um produto ou componente em seus materiais ou substâncias básicas e reprocessá-las em novos materiais.
O valor e a energia incorporados ao produto são perdidos no processo. Em uma economia circular, a reciclagem é o último recurso.
Redistribuir
Encaminhar um produto para outro cliente para que seja usado com alto valor em vez de se tornar resíduo.
Por exemplo, um supermercado pode redistribuir alimentos comestíveis excedentes para um banco de alimentos.
Recondicionar
Retornar um produto ao seu bom estado de funcionamento. Pode incluir reparo ou substituição de componentes, atualização das especificações e melhorias cosméticas.
Produção regenerativa
A produção regenerativa fornece alimentos e materiais produzidos de maneiras que apoiam resultados positivos para a natureza, incluindo, mas não se limitam a: solos saudáveis e estáveis, melhoria da biodiversidade local e melhoria da qualidade do ar e da água.
Na agricultura, as escolas de pensamento de produção regenerativa incluem agroecologia, agrossilvicultura e agricultura de conservação.
Refabricar
Reengenharia de produtos e componentes para que retornem à condição de quando eram novos, com o mesmo nível ou nível superior de desempenho.
Os produtos ou componentes refabricados geralmente são fornecidos com uma garantia equivalente ou melhor do que a do produto recém-fabricado.
Energia renovável
Energia derivada de recursos que não se esgotam nas escalas de tempo relevantes para a economia, ou seja, não em escalas de tempo geológicas.
Alguns exemplos incluem: eólica, solar, hidrelétrica, hidrotermal, oceânica (ondas e marés), geotérmica e biogás derivado de digestão anaeróbia.
Materiais renováveis
Materiais que são continuamente repostos a uma taxa igual ou superior à taxa de esgotamento.
Alguns exemplos incluem: algodão, cânhamo, milho, madeira, lã, couro, coprodutos agrícolas, nitrogênio, dióxido de carbono e sal marinho. Para fazer parte de uma economia circular, esses materiais (quando relevante) devem ser produzidos usando práticas de produção regenerativas.
Reparar
Operação pela qual um produto ou componente defeituoso ou quebrado é devolvido a um estado utilizável para cumprir o uso pretendido.
Reparabilidade
Facilidade com que um produto ou componente pode ser reparado.
Reusar
Uso repetido de um produto ou componente para o propósito pretendido sem modificação significativa.
Pequenos ajustes e limpeza do componente ou produto podem ser necessários para prepará-lo para o próximo uso.
Logística reversa
Cadeias de abastecimento dedicadas ao fluxo reverso de produtos e materiais para fins de manutenção, reparo, reúso, recondicionamento, refabricação, reciclagem ou regeneração de sistemas naturais.
Compartilhar
Uso de um produto por vários usuários. É uma prática que retém o valor mais alto de um produto ao prolongar seu período de uso.
Ciclo técnico
Processos pelos quais os produtos e materiais fluem a fim de manter seu valor no nível mais alto possível Os materiais adequados para esses processos são os não consumidos durante o uso – como metais, plásticos e madeira.
No ciclo técnico, as oportunidades para manter e gerar valor vêm da retenção da maior proporção de energia e mão de obra integradas ao produto. Os processos que mais contribuem para tanto são, em ordem de valor: manter, prolongar, compartilhar; reusar e redistribuir; recondicionar e remanufaturar; e reciclar.
Materiais virgens
Materiais que ainda não foram utilizados na economia.
Incluem materiais finitos (por exemplo, minério de ferro extraído do solo) e recursos renováveis (por exemplo, algodão recém-produzido).