A CCm Technologies desenvolveu um processo que transforma subprodutos de instalações de resíduos industriais e de processamento em fertilizantes feitos sob medida.
Os produtos da CCm podem ser ajustados para fornecer todo o espectro de nutrientes necessários para uma determinada cultura e tipo de solo. O formato do adubo é um pellet de liberação lenta, fabricado a partir de matérias-primas derivadas de fluxos de resíduos, tais como dióxido de carbono industrial e fibras de subprodutos da indústria alimentícia.
A combinação específica de matéria-prima e formato adotada pela empresa tem o potencial de reduzir significativamente a poluição do ar e da água. Também ajuda a desviar da atmosfera o carbono problemático que aquece o planeta e a sequestrar, nas terras agrícolas, o carbono benéfico que melhora a saúde do solo.
Por que esse é um exemplo de economia circular
Preservar a saúde e a fertilidade dos solos agrícolas permite a produção em abundância de culturas vegetais essenciais para a manutenção da segurança alimentar global, bem como de inúmeros meios de subsistência em todo o mundo.
Durante décadas, predominou na agricultura a abordagem que foca apenas na alta produtividade das culturas, fazendo uso de produtos químicos sintéticos pesados. Essas substâncias são fabricadas com uso intensivo de energia, em processos altamente dependentes de combustíveis fósseis e outras matérias-primas finitas. O resultado é um sistema agrícola linear capaz de gerar altos rendimentos, mas que a cada ano depende de mais produtos químicos, com um custo associado significativo para o meio ambiente. A lista de efeitos colaterais negativos inclui degradação do solo, poluição em larga escala de corpos hídricos naturais e bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa.
Os produtos da CCm Technologies são em grande parte dissociados do consumo de recursos finitos por utilizarem um processo de fabricação que gera apenas uma fração das emissões de dióxido de carbono associadas à produção de fertilizantes convencionais. Os fertilizantes da CCm também contêm quantidades significativas de matéria orgânica, o que beneficia a estrutura do solo, o armazenamento de água e a prosperidade das populações de microrganismos, contribuindo para a regeneração natural do solo. Como os nutrientes estão ligados na forma de um pellet fibroso, há muito menos risco de escoamento de nitrato para os rios adjacentes, reduzindo as ameaças aos ecossistemas aquáticos.
No geral, a tecnologia da CCm elimina resíduos e poluição, mantém os materiais em uso e ajuda a regenerar os solos – um exemplo raro de uma empresa que atende aos três princípios da economia circular.
Processo de produção da CCm em detalhes
A tecnologia da CCm pode ser adaptada a diferentes processos industriais, dependendo da natureza dos fluxos colaterais e das necessidades das fazendas locais. Uma das maiores instalações da CCm até agora está localizada na estação de tratamento de águas residuais de Minworth, perto de Birmingham (Reino Unido), operada pela empresa de serviços públicos Severn Trent Water.
A tecnologia de produção de fertilizantes aproveita quatro fluxos de resíduos diferentes – amônio concentrado da água de esgoto, dióxido de carbono da combustão do biogás do digestor anaeróbio, calor residual do processo e fibras orgânicas do lodo do esgoto tratado.
O amônio está presente na urina e é também produzido pela decomposição de proteínas de outros fluxos de resíduos. Devido à reatividade, sua presença causa danos ambientais consideráveis. No entanto, pode ser estabilizado em bicarbonato de amônio através da mistura com o dióxido de carbono capturado, gerado pela combustão de biogás (metano) durante a geração de eletricidade.
Nutrientes adicionais são acrescentados de acordo com as necessidades específicas da fazenda, bem como sais de cálcio (derivados de um subproduto de outro processo industrial) para criar um lodo de calcita e nitrato de amônio. O lodo é misturado com fibras do digestato de águas residuais, que atua como um aglutinante solidificante. O material, então, passa por um processo de secagem, alimentado pelo calor residual, antes de ser transformado em pellets e embalado para distribuição nas fazendas. Os pellets podem ser colocados diretamente nas moegas existentes e espalhados sobre as terras agrícolas usando equipamentos padrão.
O exemplo da Severn Trent é apenas um modelo da aplicação da tecnologia. A CCm também colaborou com a PepsiCo, combinando seu processo de captura de carbono e produção de fertilizantes com a fábrica de batatas fritas Walkers, em Leicester, criando um fertilizante específico para batatas a partir das cascas de batatas descartadas.
Quais são os benefícios
A tecnologia da CCm oferece benefícios para o sistema alimentar e para o meio ambiente em muitas etapas de sua cadeia de valor:
Reduz em 90% as emissões associadas à produção de fertilizantes
A aplicação de 2 toneladas de produto da CCm captura cerca de uma tonelada de carbono no solo
Diminui significativamente as emissões de carbono dos parceiros do processo industrial (por exemplo, estação de águas residuais)
Os agricultores também são beneficiados
Produtividade semelhante ou com ligeiro aumento (com base em seis anos de dados)
Solos regenerados com pH estável
Aumento de 30% a 60% na retenção de umidade do solo
Melhora da vida selvagem e das vias navegáveis
Culturas produzidas com emissões líquidas zero
Mais informações
Farming UK - New tech could convert wastewater to Super Fertiliser
RE:TV - Re:Energize - Reusing Capture Waste
Podcast da BBC - 39 ways to save the Planet